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quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Ode

 O que é uma Ode?


 A Ode é uma composição poética do género lírico que se divide em estrofes simétricas. (mesma medida).

O termo tem origem no grego “odés” que significa “canto”. 

Na Grécia Antiga, "ode" era um poema sobre algo sublime ou elevado, de caráter laudativo (louvor) composto para ser cantado individualmente ou em coro, e com acompanhamento musical.

Um exemplo de ode são os hinos nacionais dos países, em que os autores fazem uma homenagem à Pátria e aos seus símbolos e são acompanhados por instrumentos musicais.

Poeta Horácio

 Quinto Horácio Flaco (Quintus Horatius Flaccus) (65 a.C.-8 a.C.) foi um filósofo, poeta e escritor na  Roma Antiga.

Horácio nasceu na cidade de Venúsia (Itália) a 8 de dezembro de 65 a.C..
Faleceu, aos 56 anos, em 27 de novembro de 8 a.C., na cidade de  Roma (Itália).

 Exerceu enorme influência sobre toda a literatura ocidental.

Filho de um escravo emancipado e funcionário público financiou os seus estudos em Roma e depois em Atenas.

Começou a escrever os seus versos e entrou para os círculos literários, sob a proteção do influente Caio Mecenas. Tornou-se amigo de Virgílio.

A sua obra-prima são os três livros de poemas líricos, as Odes.

Na carta dedicada à família dos Pisões, mais conhecida como “Arte Poética”, a pretexto de dar conselhos aos jovens que desejam ser poetas, resume as normas do Classicismo. Recomenda que evitem os excessos, dizendo: “há uma medida em todas as coisas”.

Horácio exerceu influência enorme sobre toda a literatura ocidental. A estética de Horácio define-se pela precisão da métrica, pela sobriedade de expressão e pela serenidade diante da vida.


Principais características de seu estilo literário:

- Presença da melancolia, relacionada à curta duração da vida.

- Obras marcadas pela presença da tolerância e moderação.


 - A expressão latina "Carpe Diem" ("Aproveita o dia") foi escrita pelo filósofo Horácio.


 Um dos últimos representantes da poesia horaciana foi Ricardo Reis, um dos heterónimos de Fernando Pessoa.

terça-feira, 8 de novembro de 2022

Epicurismo e Estoicismo

 


Epicurismo

Doutrina filosófica fundada por Epicuro em Atenas por volta do ano 307 a. C. e que durou até ao século V d. C.

 Epicuro nasceu em Samos em 341 e morreu em Atenas em 271 a. C. Nas suas viagens foi formando um grupo de amigos e discípulos, entre os quais propagava as suas doutrinas, sobretudo em Mitilene e Lâmpsaco, fixando-se depois em Atenas.

Epicurismo é uma corrente filosófica baseada na busca pela felicidade. A felicidade para os epicuristas consiste  numa vida pautada pelo autoconhecimento, pela amizade e pela prudência.

É a procura dos prazeres moderados para atingir um estado de tranquilidade e de libertação da dor, com a ausência de sofrimento a partir do conhecimento de si, do funcionamento do mundo e da limitação dos desejos.

Os desejos exacerbados, por exemplo, o desejo de riqueza, são fontes de perturbações constantes, dificultando o encontro do que realmente gera a felicidade.

Os seguidores do epicurismo chama-se  epicuristas e, segundo a corrente filosófica, devem procurar evitar a dor e as perturbações, levar uma vida longe das multidões (mas não solitário), dos luxos excessivos, colocando-se em harmonia com a natureza e desfrutando da paz.

A busca da felicidade culminaria num estado tal que o Homem se tornaria livre, independente das sujeições ao mundo, aos seus sofrimentos e, sobretudo, aos medos que o dominam irracionalmente, como seja o medo à morte.



Estoicismo

Movimento filosófico que nasceu em Atenas e cujo nome deriva do local em que Zenão de Citio, o seu fundador

 O estoicismo teve início por volta do ano 300 a. C. e prolongou-se até ao século II d. C.

Tal como para os filósofos cínicos, com quem se relaciona este movimento, o homem é o centro da problemática estoica, sobretudo no que diz respeito à moral.

O estoicismo defende a ideia de que o universo decorre temporalmente por ciclos que se repetem quando os astros regressam às suas posições primordiais; cada ciclo é chamado grande ano.

A autossuficiência é o objetivo supremo do estoicismo. Cada ser deve viver com a sua própria natureza, logo, ao Homem, que se caracteriza por ser eminentemente racional, cabe viver de acordo com a virtude para atingir o objetivo máximo: a felicidade. Para alcançar este fim, o sábio deve renunciar às suas paixões; a esta renúncia chamam os estoicos ataraxia ou apatia.


Ataraxia

O termo grego ataraxia, introduzido por Demócrito (c. 460-370 a. C.), significa tranquilidade da alma, ausência de perturbação. É um conceito fundamental da filosofia epicurista e dos céticos, e pode traduzir-se como imperturbabilidade, ausência de inquietação ou serenidade do espírito.

Ataraxia é a disposição do espírito que busca o equilíbrio emocional mediante a diminuição da intensidade das paixões e dos desejos e o fortalecimento das alma face às adversidades. A ataraxia caracteriza-se pela tranquilidade sem perturbação, pela paz interior, pelo equilíbrio e moderação na escolha dos prazeres sensíveis e espirituais.A ataraxia está muito próxima da apatia proposta pelos estoicos, na medida em que ambas caracterizam estados anímicos que contribuem para o alcance da felicidade através da disciplina da vontade para moderar os desejos e para aprender a aceitar os males voluntariamente.

Distingue-se da apatia pela forma como promove a felicidade. Enquanto esta procura eliminar as paixões e desejos, a ataraxia tenta criar forças anímicas para enfrentar a dor e as adversidades. A ataraxia implica saber aceitar as situações e conviver com elas, ponderando o sentido e a utilidade dos prazeres e do que possivelmente magoa.



domingo, 30 de outubro de 2022

VIII

 


Mestre Caeiro

Mestre Caeiro
Caeiro é, como o próprio Pessoa o confessa na sua famosa carta a Adolfo Casais Monteiro sobre a génese da heteronímia - ``Aparecera em mim o meu mestre'' -, o mestre de todos os demais heterónimos e, inclusivé, do seu criador. Isto porque os textos poéticos que levam a assinatura de Alberto Caeiro têm, na obra pessoana, a finalidade de encarnar a essência do ``sensacionismo'', espécie de tese filosófico-estético-poética que serve de fundamento para toda a poesia de Pessoa.
Se tivermos em mente os três princípios básicos do "sensacionismo'', tal como Pessoa os formulou: "1. Todo objeto é uma sensação nossa; 2. Toda arte é a conversão de uma sensação em objeto;3. Portanto, toda arte é a conversão de uma sensação numa outra sensação.'' Podemos facilmente verificar, pela leitura dos poemas de Caeiro, que ele é, dentre os heterónimos, aquele que representa a postura mais radical face a esses postulados pessoanos: para o mestre, o que importa é vivenciar o mundo, sem peias e máscaras sígnicas, em toda a sua multiplicidade sensacionista. É por este motivo que, repetidamente, Caeiro, nos seus poemas, insiste naquilo que ele mesmo chama de "aprendizagem de desaprender'', ou seja, o homem deve aprender a não pensar, a silenciar a mente, libertando-se assim de todos os padrões, modelos, máscaras e pseudo-certezas ideológicas, culturais, sígnicas enfim, que desde cedo lhe foram impostas, para dedicar-se só e simplesmente à revolucionária e reveladora aventura do contato direto e sem mediações com a realidade concreta, palpável, que nos cerca e de que fazemos parte. A verdadeira vida para Caeiro reduz-se, deste modo, ao "puro sentir'', sendo o sentimento da "visão'' o mais relevante de todos, por ser o que nos coloca em relação mais estreita e integral com o mundo objetivo: "O essencial é saber ver, Saber ver sem estar a pensar, Saber ver quando se vê, E nem pensar quando se vê, Nem ver quando se pensa.'' Caeiro procurava, diariamente, exercitar o que ele mesmo chamou de a "perversa ciência de ver''. Em decorrência dessa sua postura face à vida e dessa prática sensacionista, nasce uma estranha poesia empenhada em fazer a crítica mais radical da linguagem, da cultura, das ideologias e, paradoxalmente, da própria atividade poética, via negação/rejeição/recusa de qualquer tipo de pensamento. A poesia de Caeiro é, neste sentido, uma curiosa poesia da anti-poesia, feita com o objetivo específico de pôr em xeque todas as máscaras sígnicas (palavras, conceitos, pensamentos, ideologias, religiões, arte) com que estamos habituados a "vestir'' a realidade, esquecidos de que ela simplesmente "é'' e vale por si mesma, e de que a única experiência que vale a pena é a de uma espécie de silêncio sígnico total (o homem, neste caso, libertar-se-ia do poder constrangedor de todo e qualquer signo, deixando, portanto, de atribuir significados ao mundo), o único caminho que, segundo Caeiro, nos possibilitaria a visão e, consequentemente, o conhecimento do real em toda a sua verdade, enquanto pura presença e pura existência: "A espantosa realidade das coisas É a minha descoberta de todos os dias. Cada coisa é o que é, E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra, E quanto isso me basta.''

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Complemento do nome e Modificadores

A diferença basilar entre complementos e modificadores reside no facto de os primeiros serem selecionados por uma palavra, completando-lhe o sentido, enquanto os segundos são constituintes que não são selecionados, introduzindo na frase informações adicionais.

Os complementos do nome são constituintes essenciais para que a realidade sobre a qual se pretende falar seja claramente explicitada. Por exemplo, se utilizarmos o nome amigo, percebemos que este necessita de um complemento para referir toda a realidade, pois um amigo é sempre «amigo de alguém». Note-se, no entanto, que é possível utilizar estes nomes que pedem complemento isoladamente, o que leva a que a frase fique com um sentido mais vago ou genérico, como se observa pelo confronto entre (1) e (2): 

(1) «O amigo do Rui toca guitarra.»
 (2) «O amigo toca guitarra.» Embora não seja possível elaborar uma listagem completa dos nomes que pedem complemento, é possível identificar alguns que normalmente se constroem com este constituinte: (i) nomes deverbais: nomes formados a partir de verbos que se constroem com complemento, estrutura que o nome mantém: «Destruir uma casa» - «A destruição da casa»; 
(ii) nomes fragmentadores: «uma fatia de…» ou «uma parte de…»;
 (iv) nomes argumentais: «autor de…», «ajuda de…», «a hipótese de…»; 
(v) nomes de parentesco: «pai de…», «filho de…»;' '
(vi) nomes de estados psicológicos: «medo de…», «alegria de…»;
 (vii) nomes que denotam obras de arte: «livro de…», «filme de…», «capítulo de…»;
 (viii) nomes pictóricos, relacionados com imagem: «fotografia de…», «pintura de…»;
 (ix) nome de matéria: «mesa de vidro», «fato de seda»1 

 Os modificadores, por seu turno, podem incidir sobre o nome, sobre o grupo verbal ou sobre a frase, introduzindo na frase informações sobre circunstâncias variadas. Os modificadores da frase incidem sobre toda a frase e podem ser:
 (i) um advérbio: «Felizmente, hoje não vai chover.»
 (ii) uma oração: «Embora não esteja a chover, vou ficar em casa.»  
Os modificadores do grupo verbal incidem sobre o grupo verbal e podem ser: 
 (i) um advérbio: «Ele correu velozmente.» 
(ii) um grupo preposicional: «Acabei a corrida com o auxílio do João.» 
(iii) uma oração: «Estudou para passar no exame.»  

Os modificadores do nome incidem sobre o nome e podem, entre outras possibilidades, ser:
 (i) um adjetivo: «Uma rapariga loura»' '
(ii) uma oração subordinada adjetiva relativa: «A rapariga que conheci no sábado»
 (iii) um sintagma preposicional: «A escola da minha amiga»  

Os modificadores de nome podem ser de dois tipos:
 (i) restritivos: incidem sobre o nome restringindo o seu significado e surgem ligados diretamente ao nome: «a rapariga morena», «o livro que leste no sábado»;
 (ii) apositivos: são expressões destacadas por vírgulas que incidem sobre o nome fornecendo informações variadas sobre este: «D. Dinis, rei de Portugal, escreveu esta cantiga.», «D. Dinis, que se destacou como poeta, nasceu em 1261.»

' in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/complemento-do-nome-vs-modificador/35316