Os únicos dois números de Orpheu - Revista Trimestral de
Literatura, lançados em Março e Junho de 1915, marcaram a introdução do
modernismo em Portugal. Tratava-se de uma revista onde Mário de Sá-Carneiro,
Almada Negreiros e Fernando Pessoa, entre outros intelectuais de menor vulto,
subordinados às novas formas e aos novos temas, publicaram os seus primeiros
poemas de intervenção na contestação da velha ordem literária; o primeiro
número provocou o escândalo e a troça dos críticos, conforme era desejo dos autores;
o segundo número, que já incluiu também pinturas futuristas de Santa-Rita
Pintor, suscitou as mesmas reações. Perante o insucesso financeiro, a revista
teve de fechar portas, pois quem custeava as publicações era o pai de Mário de
Sá Carneiro e este cometeu suicídio em 1916. No entanto, não se desfez o
movimento organizado em torno da publicação. Pelo contrário, reforçou-se com a
adesão de novos criadores e passou a desenvolver intensa actividade na denúncia
inconformista da crise de consciência intelectual disfarçada pela mediocridade
académica e provinciana da produção literária instalada na cultura portuguesa
desde o fim da geração de 70, de que Júlio Dantas (alvo do Manifesto
Anti-Dantas, de Almada) constituía um bom exemplo.
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