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segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

A heteronímia

Sou a cena viva onde passam vários atores representando várias peças.


As figuras imaginárias têm mais relevo e verdade que as reais.


Viver é ser outro. Nem sentir é possível se hoje se sente como ontem se sentiu: sentir hoje o mesmo que ontem não é sentir - é lembrar hoje o que se sentiu ontem, ser hoje o cadáver vivo do que ontem foi a vida perdida.


Ter opiniões é estar vendido a si mesmo. Não ter opiniões é existir. Ter todas as opiniões é ser poeta.


Fingir é conhecer-se.


Para que surja o heterónimo é preciso uma extrema despersonalização, criando uma personagem que por sua vez cria personagens. Essa personagem criadora possui estilo próprio e sentimentos diferentes, às vezes até opostos aos da “pessoa viva”.
Fernando Pessoa refletia sobre o processo de criação literária, os artifícios da arte.

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