O Prémio Antero de Quental foi um prémio criado em novembro de 1933 (mas atribuído pela primeira vez em 1934) pelo Secretariado da Propaganda Nacional, órgão de propaganda do Estado Novo dirigido por António Ferro. O prémio destinava-se a premiar poesia de inspiração portuguesa e, mesmo, de preferência, um alto sentido de exaltação nacionalista. O júri do Prémio era constituído por um poeta de grande nome nacional, um poeta da nova geração literária e dois críticos literários em exercício na imprensa de Lisboa. O prémio foi atribuído até 1973.
A primeira atribuição do prémio ficou marcada por um incidente envolvendo a obra Mensagem de Fernando Pessoa, que, contra a vontade de António Ferro, foi relegada para a "segunda categoria" (poema de poesia solta), alegando-se que tinha menos de 100 páginas, sendo o prémio de "primeira categoria" atribuído à obra A Romaria, da autoria de Manuel Joaquim Reis Ventura (1910-1988), que naquela época assinava como Vasco Reis. António Ferro resolveu então elevar o prémio atribuído à segunda categoria, que era de mil escudos, para um valor igual ao da primeira, de cinco mil escudos. A partir de 1935, o Prémio Antero de Quental deixou de incluir a referida segunda categoria.
O primeiro título do livro não era Mensagem, mas sim "Portugal". É por sugestão de um amigo que Pessoa reconsidera, mudando o nome. Esse amigo ter-lhe-á indicado a evidência do nome "Portugal" estar já nessa altura demasiado vulgarizado, inclusivé em marcas comerciais.
Curiosamente - ou talvez propositadamente - Mensagem é uma palavra com o mesmo número de letras de "Portugal". Mas uma folha no espólio explica o processo porque passou a génese deste título, que foi muito bem pensado pelo seu autor. São os seguintes significados os encontrados nessa folha: - Portugal e Mensagem têm 8 letras. O oito é um número de harmonia, mas também um número ligado aos templários, mais precisamente à cruz Templária que tem 8 pontas. É a mesma cruz que depois vai nas caravelas, já cruz da Ordem de Cristo, seguimento natural dos Templários depois da extinção destes por ordem Papal. Assim, Pessoa num primeiro sentido diz-nos que a Mensagem é "Portugal" e que "Portugal" é a realização da missão da Ordem de Cristo e - por descendência - da Ordem do Templo. Mensagem é ainda dividida por Pessoa em 3 partes: MENS/AG(ITAT MOL)EM. "Mens Agitat Molem" é uma citação tirada de Virgílio na Eneida, que significa que a mente move a matéria. O objetivo da Mensagem seria mover as moles humanas, através da poesia.
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